sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Carta anônima


Ela é do tipo que ao primeiro sinal de que as coisas não vão bem, é capaz de virar o carro na contramão e entrar na primeira rua de terra batida.

Ela já deixou pedaços espalhados, já se recompôs, mais de uma vez, e com o tempo as decepções vão ficando mais leves. Alguns chamam de experiência, ela chama de viver a realidade. Aceitar que algumas pessoas não mudam não é sinal de pessimismo, ser pessimista é se deixar levar a crer, que existe uma força superior que nos impede de ser feliz, a gente é o lobo de nós mesmos.

Viver a realidade é descobrir que sempre existe um caminho melhor, que apesar de momentos de nuvens baixas e escuras, o vento os leva embora, em alguma hora. Ela deixou de acreditar no príncipe encantado tem um tempo, e agora ela quer alguém pra andar de calcinha e sutiã pelo apartamento, sem se preocupar com imperfeições.  

Ela canta músicas sem se importar se está desafinada, e você não precisa pagar a bebida dela, ela viveu até aqui, reafirmando sua independência. Ela pode parecer tranquila, mas se estiver afim, vai ir à festa e dançar até o chão, tomar todas e subir no palco com o DJ.

Ela é o que o seu amigo frouxo, que tem medo de se envolver com as pessoas chama de ‘’mulher Alfa’’ e ele é babaca o suficiente para se chamar de ‘’homem Alfa’’. Mas não, ela é mais simples de entender do que a equação de Bhaskara. Você não precisa ter medo de chamar ela pra dançar e pisar no seu pé sem querer, mas tenha medo se você pretende iludir e reaparecer como se nada tivesse acontecido, o silêncio dela corta mais que mil facas. Ao invés de tecer elogios vazios, demonstre com uma atitude sincera, que a presença dela é importante.

As coisas são simples, como uma bebida quente num dia frio, simples como uma foto sem edição. Ela é simples, mas é única. 

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Verdades precisam ser ditas


Ela ameaçou uma, duas, três vezes. Ele fingia não entender que apesar do tom ter um ar de brincadeira, ela falava sério. Isso porque na relação dos dois, não havia espaço para brigas feias ou desentendimentos longos. Talvez isso tenha influenciado, no fim. Às vezes é importante uma briga de lavar a alma e desabafar tudo o que tinha para ser dito.

Mas hoje, já não é mais tempo pra isso. Ela já colocou na caixa os presentes, os retratos, a camisa dele que ficou para lavar e sempre ficava no guarda roupa como naqueles avisos ‘em caso de emergência use-a’. Ela tomou banho evitando fechar os olhos, porque ao fechar o coração como último recurso faz o cérebro relembrar todas as partes boas, as viagens no fim de semana, as comidas que não deram certo. Ela se olha no espelho ao sair do banho e vê os olhos inchados. Respira fundo, e tenta encarar o mundo sem o ‘bom dia’ e os ‘dorme bem, você é linda’!

Mas ela está decidida, mesmo depois de passar o dia com o pijama e cantarolar algumas músicas tristes no Spotify com os olhos fechados. E com os minutos que parecem horas ela pensa na última frase, que foi ensaiada durante dias antes  -Você só ganha o que está disposto a dar, e eu estava disposta a te dar o mundo e um pouco além. Mas você só queria continuar a aumentar a distância entre nós. Eu quis te bombardear com o meu amor, mas você só se importava em cavar trincheiras. E eu não posso suportar isso, porque todo amor a mim é pouco, eu quero é sentir tua presença mesmo quando tu não estás por perto.

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Coisas pequenas


As coisas vão caminhando, passando entre calmarias e furacões, o céu se esbraveja e fica negro e raivoso, mas no fim se abre como num sorriso para os seres pequenos e que acreditam serem tão poderosos.

A vida anda, entre labirintos tortuosos, mas também entre pausas para um café passado na hora e um livro gostoso de ser devorado pelos olhos famintos.

As pessoas saem de nossas vidas, e parecem levar embora nossa essência, e a imagem de um vazio existencial, que arde como ferro quente ao tocar na pele, parece ser a única coisa que iremos sentir por uma eternidade, sem fim.

Saber olhar para a própria dor, entender o que se passa no seu mais íntimo é importante. Mas se prender a isso é uma bobagem, sem fim. Afinal não somos os únicos, e existe um mundo a se descobrir (e outros que ainda estão descobrindo - Vê se acha um legal ai NASA).

Às vezes, o passo para seguir em frente, é sentar na janela do avião e observar de cima o conjunto de casas, carros, pessoas, cachorros e prédios, que não param enquanto você está longe. Eu não quero me prender no meu mundinho particular, com tanta coisa viva e animada, assustadora, que dá medo, que me apaixona e me repulsa lá fora.


Há quanto tempo você não sai do seu quintal e vê como a vida acontece lá fora¿

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Faz parte do meu show



Só te peço, que ao entrar na minha casa, bata na porta. Não gosto de surpresas quando minha mobília está pelo avesso.

Não te proíbo de entrar, tampouco ignoro suas batidas surdas durante meu sono velado. Não tenho medo de noticias ou juras sinceras. Mas te peço um tempo, tempo para jogar uma água no rosto, enxugar na minha toalha manchada, de todas as vezes que fui pego de surpresa e não pude ter o meu próprio tempo. O tempo hábil de preparo.

A gente vai sempre, andando, quebrando a cara, achando que quanto mais rápido os aviões modernos voam, ou quanto o seu 4G carrega uma página, a sensação de que o tempo corre mais rápido, aumenta.

Mas o tempo é muito particular, dizem que é único, individual, que é indivisível e não pode ser medido ou pesado. E isso, eu compartilho.

Se Cazuza queria ‘’uma ideologia pra viver’’, uma boa seria a de respeitar o tempo de cada um. Tempo pra tudo, até pra responder aquela mensagem no whats, que você não visualiza, e acha que ninguém percebe que você tá online.


 A questão final, é que se você acha que vale a pena, insista, mas claro se insistir muito e cansar, cai fora, afinal se vive só uma vez e mais que tudo, tenha paciência, as coisas boas, com algumas exceções, são feitas com o respeito mútuo do tempo.

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Em cada esquina

Lá vai você, contornando a rua entrando naquela loja de presentes que eu sempre te prometi que iriamos.
Passei distraído, satisfeito depois de sair mais cedo da aula. Tava um sol forte, andava em ritmo lento, parei o carro no cruzamento, olhei pra direita e olhei para a esquerda. Um relapso de sinestesia me tomou, já fazem dois anos ou será que é menos¿ não sei.
Parei e como se observasse um fantasma, um fantasma branco de cabelos negros, pequeno e delicado, que se movia com os mesmos passos ligeiros, paralisei. Incrível os sentimentos que se afloram, como se o brilho de uma mente sem lembranças de repente iluminasse todo meu ser, e por uns instantes eu me perco sem saber onde estou, e onde vou, e no que pensava momentos antes.
Ela abre a porta da loja, empurrando-a com a mesma delicadeza que fazia para me afastar dela nas nossas brincadeiras bestas... Ela entra sem olhar pra trás, assim como da última vez que nos despedimos... Ah se você tivesse olhado pra trás, onde será que estaríamos agora¿ Entrando na loja juntos, ou indo te buscar em casa para nos irmos lá em casa assistir um filme, te olhar enquanto você magicamente preparava alguma coisa da minha geladeira... que eu só lembrava de ter catchup.
A porta se fecha, alguém buzina atrás de mim, e saio como se estivesse acordado de um sonho. São sentimentos que me fazem aquecer de novo as fagulhas que parecem não querer apagar.
Essa coisa de aprender a não ter sentimento nenhum por quem já passou pela sua vida devia vir com um guia. Ou pelo menos algumas casas como marco de que você tá evoluindo ou regredindo... como no jogo da vida.
Bem verdade, que hoje já não tenho vontade de te mandar mensagem, mas é duro ver você comentando em grupos de whats, não vou negar. É um misto de me importo e gostaria de saber como você tá, e um supera de vez isso.
A gente foi vivendo, se esquecendo, se apegando a outras pessoas, até trocamos confidencias como amigos... mas não deu certo.

É estranho imaginar almas que se entrelaçaram por tempos, que trocaram caricias, se entregaram em planos para mais de anos, que viraram um ser conjunto ao serem referidos na roda de amigos, serem hoje apenas duas pessoas que se incomodam em dividir o mesmo espaço em menos de 2 metros.


É obvio que o passado é passado, mas o que vivemos é o presente, e isso nenhum livro de auto ajuda vai poder refutar, e o passado esse não muda, mas o presente esse é a gente quem faz... E por isso hoje em dia não me julgo, quando me perco nesses pensamentos passados. Não me pego simplesmente pensando em coisas antigas, mas refletindo sobre o presente. As lições que tiro disso, só eu sei.

sexta-feira, 3 de junho de 2016

O que será

E se você vier assim
Caminhando em minha direção
Me deixando com o coração nas mãos
Pronto pra te entregar
Quem sou eu pra te negar

Se eu pudesse adivinhar
Ou quem sabe esperar
Para saber ler, esse teu olhar
Para que eu possa enfim me entregar

O normal é saber
Que quanto mais longe, mais em ti penso
Que quanto mais frio, mais eu me aqueço

E se você vier assim
Caminhando em minha direção
O que será de mim¿

Ai de mim...

domingo, 24 de abril de 2016

Tinha que ser você


Escutei de novo aquele áudio seu antes de dormir, é incrível como a graça não se perde, mesmo sabendo o som de cada palavra e a sua entonação de voz ao contar a piada mais sem graça do mundo. Mas que eu sempre me pego de sorriso aberto já nos primeiros 10segundos.

O problema é que já não consigo disfarçar, e você sabe que sempre eu quero te ver mais uma vez.

Agora tá tudo mais claro, agora já tá na minha cara que eu deixei você me ganhar, ou será que você me ganhou antes mesmo de concorrer?

Não tá dando pra disfarçar que o seu olhar me tira da posição de defesa. Que eu sempre me perco na imensidão dos seus olhos, toda vez que te encaro.
Isso tudo é tão ridículo. Tudo tão cafona.

Desde o início tive medo de te procurar, como se já soubesse que no fundo, algo em você iria me desestabilizar. Mas o coração não segue o lado racional não é? E disso, passei dias reafirmando que você não me fascina, mas como dizem quem tanto precisa afirmar uma posição, é porque no fundo é uma posição vendida.

Você já sabe que me ganhou, já notou que não precisa insistir muito para que eu largue qualquer coisa pra te acompanhar naquela festa chata, com pessoas que não gosto. E que sempre que você tentar contar uma história engraçada ou não, eu vou rir.

Eu tava bem, com minhas loucuras e neuras de sempre. Mas elas encontraram as suas, e hoje tá difícil imaginar-las separadas.

E de pensar que tudo podia ser diferente, bem que você podia ter negado aquele convite em cima da hora, convite aliás que como sempre faço não tem nada planejado, a sua companhia já me basta. Depois de te deixar em casa, bem que você podia não ter se importado se eu tinha chegado. E como teria sido diferente, se você só visualizasse minhas mensagens no Whats e não respondesse, ao invés de me responder sempre em tempo real.

Você dificulta muito a minha vida quando entra na brincadeira quando falo dos problemas do carro(do barulho do motor, e de como dirijo mal) quando vou te buscar em casa. E como é chato seu interesse nas nossas conversas intermináveis. Sempre com teus olhos atentos e a boca semiaberta, sempre pronta para um sorriso de malícia.

Tão fácil é perceber que quem me causa tantos problemas é só uma pessoa, e essa pessoa é você. Que me deixa tão clichê, brega, cafona. Tantas outras por ai pra conhecer. Mas agora eu não quero conhecer ninguém.

Acho que é isso
Me apaixonei
Vê se para de rir
Tira minha camisa que não cabe em você

E vem